quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Encontro 20.05.07

Assistiram à reunião: Carla, Diana, Pedro, Rafael e Irení.

· A reunião começou com a apresentação de Rafael sobre Vallejo e sua produção literária. (ele já tinha enviado um texto sobre o ex-colombiano)
· Irení levantou a questão da existência na narrativa de Vallejo de um passado idílico, uma utopia que nunca existiu, que coexiste com a caracterização do presente como uma distopia. Nesta visão pessimista da Colômbia como um país “sem saída”, onde não há salvação possível, o ódio de Vallejo é o motor da escrita. Em relação com isto, Rafael comentou sobre alguns autores contemporâneos colombianos que trabalham a questão da violência urbana. Por exemplo, a narrativa de M. Mendoza estruturada como romances policiais pessimistas.
· Pedro levantou a questão do risco que existe na narrativa de Vallejo de cair numa postura fascista. Discutiu-se se todos os comentários de Vallejo seriam o não paródicos em tanto a parodia supõe a existência de um texto prévio a ser parodiado. A conclusão foi que Vallejo refere tanto as posições da direita quanto às de esquerda. Também as opiniões das pessoas no dia a dia são retomadas como clichê. As verdades do colombiano comum estão na base da construção do narrador de Vallejo cuja atitude é, em palavras de PedroAmaral, “quero ver o circo pegar fogo”. A posição de Vallejo não assumiria essas opiniões, nem as parodiaria, mas sim se trata de trazê-las todas juntas para provocar ao leitor.
· Oposição entre a visão ideologizada do realismo mágico onde o conflito está fora e a distopia de Vallejo que expõe os conflitos internos que existem na Colômbia.
· Falou-se da questão da escrita de Vallejo em relação com a nacionalidade, e o discurso da identidade colombiana. Embora ele a rejeite, Colômbia é central na sua literatura. Também Rafael se referiu á influência da tradição oral na literatura de Vallejo.
· Certa luta pela memória é central na narrativa de Vallejo. Esta memória supõe uma invenção. Levantou-se a questão da temporalidade circular em “La virgen de los sicários” (repetição degradada dos eventos e dos personagens) e sua relação com a circularidade mesma do debate intelectual na Colômbia (congressos de intelectuais que propõe projetos para “salvar o país” cada cinco anos). Sensação de estar preso numa história que não avança (os relógios quietos do início de “La virgen de los sicários”).
· Banalização da morte. Carla levantou a questão de que nos romances de Vallejo um sentimento como a dor não pode ser sentida. Ela é encoberta em outras emoções como a ironia. A expressão da dor cortaria a circularidade da história?. Rafael insistiu em que a narrativa de Vallejo não é circular, se não que seria um espiral descendente onde o narrador faz uma viagem que tenta recuperar a vida que se está indo, tenta se lembrar de momentos significativos para ele (Imagem do avo, e da fazenda da sua infância como lugares idílicos). Todas as narrativas de Vallejo são um retorno a esse momento anterior à juventude, à infância, depois do qual tudo mudou.
· Para Vallejo “A imaginação é uma peste” mas, ao mesmo tempo, ele tem um compromisso com a imaginação. Nunca muda os nomes (Dario o irmão do narrador em “El desbarrancadero” tem o mesmo nome que o irmão de Vallejo na realidade). A memória é uma memória imaginada, numa vontade do narrador de contar “o que esta acontecendo”.
· Sobre o tema específico da performance em Vallejo, Diana falou que, no caso de Vallejo, a performance está presente enquanto provocação como atuação (Construção da figura do Vallejo como escritor polêmico) e também enquanto construção dramática do próprio autor. (Dentro do texto o narrador fala “eu sou o autor”).
· Ficaram para o próximo encontro a continuação da discussão sobre a performance e a discussão sobre a importância da experiência e a vivência em Vallejo e Lemebel.